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Se inflação continuar, teremos convulsões sociais em Angola


Se inflação continuar, teremos convulsões sociais em Angola

Em Angola, o aumento nos preços dos combustíveis foi a "gota que fez transbordar o copo", gerando várias manifestações nos últimos dias, num contexto económico já bastante complicado para os angolanos com menor poder de compra.

A DW África questionou a analista angolana de política e economia internacional Emília Pinto para entender melhor as manifestações num momento de fragilidade económica, marcado pelo aumento de preços.

Há uma luz no fundo do túnel para melhorar a qualidade de vida e o poder de compra dos cidadãos? Segundo a analista, enquanto durarem os processos de registros sobre quem deve, ou não, receber as subvenções e do Estado, e enquanto o dólar valorizar-se frente ao Kwanza, ainda teremos "convulsões sociais".

DW África: O aumento nos preços dos combustíveis foi a "gota que fez transbordar o copo", numa situação económica já bastante complicada para os angolanos com menor poder de compra?

Emília Pinto: Essas manifestações acontecem porque o aumento nos preços [dos combustíveis] representou um "elemento surpresa" para as pessoas. Não houve uma comunicação antecipada e a informação chegou como uma novidade, pois faltavam poucos dias para a entrada em vigor. Foi esta "novidade", portanto, que gerou alguns alaridos.

DW África: Houve um problema de comunicação por parte do Governo?

EP: Houve a questão de que o Estado [forneceria] subsídios de combustíveis a alguns setores para que [o aumento] não se refletisse nas famílias. Mas, no setor do agrícola, todos os que são produtores, ou que, de alguma forma, trabalham com a produção ou a transformação de elementos da cesta básica, esses intervenientes económicos teriam este tal subsídio, à semelhança dos taxistas.

[Agora, sobre os protestos dos mototaxistas,] eu acho que é mais uma questão de falta de calma, porque, claro, as pessoas vão receber este "subsídio", esta "subvenção". Mas, de alguma forma, precisam estar cadastradas, identificadas.

[Por outro lado,] é preciso que haja uma certeza por parte do Estado de que aquela pessoa faz parte do setor que vai se beneficiar da subvenção. Até terminarmos os registros e que se identifiquem todos estes intervenientes, ou agentes económicos, vamos continuar a ter alguns constrangimentos, mas eu acho que não é uma questão de se preocupar.

DW África: O Governo vai, portanto, conceder apoios e compensações aos setores mais vulneráveis e afetados pelos aumentos, é isso?

EP: Indústrias transformadoras e que trabalham principalmente com agricultura, ou seja, elementos que fazem parte da cesta básica, vão receber a subvenção. E, com esta subvenção, não vão sentir diretamente aquela perda do poder de compra, porque não haverá subida substancial dos preços.

DW África: Mas, em termos gerais, como é que os angolanos com pouco poder de compra sentem a subida dos preços neste momento, como se está em termos de inflação?

EP: A subida dos preços que se regista atualmente no mercado angolano não se deve muito ao aumento nos preços dos combustíveis, mas sim pelo aumento da inflação cambial – e essa, sim, pode complicar.

DW África: Quer dizer a desvalorização do Kwanza?

EP: Exatamente. E isso porque a maior parte da matéria-prima utilizada na indústria angolana vem toda de fora, é importada. Automaticamente, [muitos] terão mais dificuldades para trazer a matéria-prima, e mais dificuldades em a desalfandegar em território nacional. Então, são estas as dificuldades que vão se refletir nos bolsos dos cidadãos.

DW África: E se refletem nos preços da carne, dos legumes, dos alimentos básicos, digamos?

EP: Exato. Já se consegue sentir o Kwanza desvalorizado, pouco ou nada se consegue adquirir, e isso nos mercados formal e informal.

DW África: Espera-se aumento da convulsões sociais, ou há já uma "luz no fundo do túnel?"

EP: Ainda não vamos sentir "esta luz no fundo do túnel" [risos]. Enquanto durarem os processos e registos de identificação sobre quem merece, ou não, as subvenções; e enquanto o dólar valorizar-se frente ao Kwanza, ainda vamos ter estas "convulsões sociais".

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